Tudo isso não é sobre leitura. Mas há uns anos, desde que paramos, meu pai e eu, de correr, sinto uma falta
Hoje, em 1996, o escritor japonês #HarukiMurakami completou a sua primeira ultramaratona. Ainda não li “Do que eu falo quando eu falo de corrida” (@editora_alfaguara), apesar de já ter topado por aí com alguns trechos que tratam de seu amor pela atividade e da importância que tem a corrida na sua vida diária.
Até pouco tempo atrás, correr era um dos meus hobbies também. Jamais ambicionei grandes provas, mesmo tendo ciência do projeto de evolução desse vício — e da minha latente competitividade. Na família, a corrida começou pelas passadas da minha mãe. Acompanhada por um público fiel, formado por mim e por meu pai, ela viajou (e, assim, viajamos todos) para outras cidades, chegando até a Santiago, no Chile, em sua maior prova. Quando ela deixou de correr, nós assumimos a atividade por pura diversão. Sem pretensões (sublinho novamente), seguimos os dois até os 6 km em muitas corridas pela cidade de São Paulo. As manhãs dos domingos eram dadas às provas, todas gratuitas com medalhas e lanchinhos.
Tudo isso não é sobre leitura. Mas há uns anos, desde que paramos, meu pai e eu, de correr, sinto uma falta. (Embora ele tenha seguido perseguindo a bola no tradicional futebol do fim de semana.) E, nos últimos meses, tenho lamentado ainda mais essa ausência. Substituí o esporte por outro, a bike, discorrendo a respeito de saudades. Uso um pequenino desgaste da cartilagem do joelho — que não me limita a corrida, segundo o médico — para não dar mais essas passadas.
Notei, então, do que eu falo quando falo de corrida: conto de um momento que não voltaria a acontecer agora, de uma rotina que não nos pertence mais — meu pai já tem um “desgastão”, posso assim dizer, em consequência dos anos como craque da pelota.
Está tudo bem, é certo. Seguimos (per)correndo outros caminhos, sim.
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