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“Não existe uma memória da cidade. Existem memórias, no plural”, diz pesquisadora

Identidade, pertencimento, afeto e espaço são as primeiras palavras que vêm à mente quando Luciana Amormino pensa em memória. Ligada a esse tema desde o início dos anos 2000, a jornalista desenvolve, no momento, uma pesquisa de doutoramento que trata das tensões temporais em gestos de memória sobre a cidade de Belo Horizonte.


Mineira, nascida em Itaúna e criada em Azurita, Luciana desenvolveu toda a sua trajetória acadêmica e profissional na capital do estado. “Minha mãe, que é daqui, mudou-se para Azurita depois que casou. Eu fiz o caminho inverso quando vim estudar: saí de Azurita e vim para BH, em 1999, para começar a graduação em jornalismo na PUC [Pontifícia Universidade Católica] Minas”, conta.


Com o doutorado em comunicação social em andamento na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), mesma instituição onde se fez mestre, a pesquisadora, em entrevista ao Itaú Cultural (IC), fala em “conexão afetiva”, ao olhar para as lembranças de família em BH, e também em conceitos como memórias coletiva e individual, identidade social, espaços de memória e suas possíveis relações.


Luciana, a sua trajetória acadêmica e profissional é toda centrada em Minas Gerais. Você é mineira? Qual é a sua relação com Belo Horizonte ou com outras cidades de Minas?

Sou mineira, nasci no interior de Minas, numa cidade que se chama Itaúna, cresci em Azurita, mas a minha família toda é de Belo Horizonte ou do interior de Minas, de Azurita mesmo. Cresci por aqui e fiz a minha trajetória toda acadêmica e profissional em Belo Horizonte. Minha mãe, que é daqui, mudou-se para Azurita depois que casou. Eu fiz o caminho inverso quando vim estudar: saí de Azurita e vim para BH, em 1999, para começar a graduação em jornalismo na PUC Minas. De lá para cá, foi essa trajetória acadêmica, na PUC Minas, na UFMG, o mestrado, a especialização e, agora, o doutorado – em andamento – e o trabalho também.


Em sua tese de doutorado, você trata das tensões temporais em gestos de memória sobre Belo Horizonte. Como começou a pesquisar e trabalhar com o tema da memória?

Faço parte do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da UFMG, na linha de textualidades midiáticas. Poderia dizer que é uma continuidade dos meus interesses de pesquisa em memória.


Comecei a trabalhar com esse tema ainda na graduação, quando era estagiária da empresa Escritório de Histórias, aqui em Minas Gerais. Entrei no início dos anos 2000, e fizemos um trabalho na linha de memória institucional, na criação de centros de documentação e memória, histórias de família, histórias de empresa, projetos editoriais e expositivos. Foi um trabalho bem interessante para entender um pouco da memória na prática, como é que a gente lida com isso, uma abordagem que também se ancora na história oral.


No Escritório de Histórias, a gente desenvolveu um trabalho muito interessante, que acho que hoje reverbera também na minha pesquisa de doutorado, que foi a criação do chamado Museu Virtual Brasil, um museu virtual de bairros, cidades e lugares. A gente fez um trabalho de mapeamento, a partir de uma visão muito próxima dos moradores dos bairros, para observar como eles narravam as suas memórias, as memórias do lugar sob a perspectiva individual de cada um.


Estive mais à frente do projeto de um bairro aqui de Belo Horizonte, que é o Jardim Montanhês. À época, a gente fez uma parceria com a PUC Minas, por exemplo, com os cursos de turismo e jornalismo. Então, tínhamos uma formação de multiplicadores, formação de entrevistadores das pessoas, por meio de estágio, para fazer as entrevistas e coletar o material com os moradores. Fomos acionando uma rede, bem espontânea, das pessoas contando as histórias, suas lembranças, suas memórias sobre o bairro Jardim Montanhês.



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